REFLEXÃO sobre o tema ENCARNAÇÃO versus DESENCARNAÇÃO DO ESPÍRITO – Por Antão da Luz

ENCARNAÇÃO
Aprendemos com o Mestre Luiz de Mattos, codificador da Doutrina Racionalista Cristã, filosofia profundamente espiritualista, que o Universo é regido por leis comuns, naturais e imutáveis. A lei fundamental do Universo é a da EVOLUÇÃO, o que quer dizer que tudo quanto tem vida provem da fonte comum, O GRANDE FOCO, inicia seu processo de aperfeiçoamento, primeiro no planeta Terra e continua a ascensão, evoluindo sempre, rumo à sua origem.

As partículas desse Grande Foco que dele se individualizaram, estão neste planeta físico processando sua evolução. O progresso é lento, tendo-se, portanto, um dia, que se confundirem com essa LUZ imensa que é a FORÇA CRIADORA, não perdendo, no entanto, nunca a sua individualidade.

A partícula da Inteligência Universal vem fazer o seu progresso no planeta físico, começando no reino mineral, passando pelo vegetal e por fim, o animal. Quando a partícula da Inteligência Universal ascende à fase evolutiva que lhe dá condições de encarnar em corpo humano, já começou a despontar a faculdade do livre-arbítrio. Passa, a parir daí, a chamar-se espírito ou alma. O espírito, como partícula da Inteligência Universal mais evoluída no planeta Terra, inicia sua longa caminhada, cada vez aumentando mais a sua luz.

Essa progressão é lenta, feita a esforço próprio, de encarnação a encarnação. Assim, no fim de cada jornada terrena que não é mais do que um momento na vida eterna do espírito, este, livrando-se da natural perturbação que o acompanha na passagem da vida corporal à espiritual, por si, ou com a ajuda dos bons espíritos, deixa a densa atmosfera fluídica da Terra e ascende ao espaço de luz. Aí, no mundo que lhe é próprio, toma conhecimento do seu estado e das obras que praticou na sua última encarnação, verificando a zona ou mundo a que galgou, se bem cumpriu os seus deveres.

Em plena liberdade, no seu mundo, inteiramente consciente do seu estado e dos seus deveres, certifica-se, pelo quadro das suas obras, que ainda tem deveres a cumprir para completar o seu progresso espiritual e tem a certeza de que só neste mundo físico e num corpo carnal, poderá estar em condições para ascender a zonas ou mundos mais elevados.

Devidamente esclarecido, nessa liberdade plena, pondera sobre tudo quanto necessita fazer, para, com mais segurança, cumprir o seu dever – depurar-se.
Firme no propósito de levar a bom termo o cumprimento do dever, dá início ao processo reencarnatório.

Reunidas as condições indispensáveis, familiares e amigos recebem com muita alegria a informação de estar a caminho um novo elemento familiar. Cada um, como pode, dá as boas vindas ao novo ser, mas haverá sempre um sentimento de alegria, de votos de felicidade e prosperidade para o recém-chegado e sua família.

No entanto, muito poucos pensarão nos deveres que o espírito encarnante terá trazido na bagagem, nas dificuldades que vai encontrar durante sua vida e se, e isto é o mais importante, vai chegar ao termo de sua vida, levando na bagagem espiritual uma mais-valia que lhe permita galgar, no mínimo, um degrau na longa escada evolutiva, o que se traduzirá em grande felicidade espiritual, por ter conseguido o objetivo almejado ao baixar no mundo Terra para uma reencarnação.

Queremos com isso dizer que realmente, felicidade é apenas no regresso ao seu mundo de estágio e após balanço feito pelo próprio espírito, das obras conseguidas a seu favor e também a bem do TODO, o que vale dizer a bem da Humanidade.

Convém referir que o espírito vem ao mundo cheio de projetos e confiante em sua boa execução, mas absolutamente convencido de que vem para sofrer e que esse sofrimento, filho da luta pela vida é indispensável para o seu progresso.
Não é muito difícil entender-se que quanto mais evoluído é o espírito, maiores serão os sofrimentos morais por que terá que passar. A principal razão é certamente o enorme desnível entre a sua evolução e a da maioria dos seres com quem terá que privar.

DESENCARNAÇÃO
Chegado ao fim da encarnação, naturalmente vem a desencarnação, oposto da encarnação, abandono do envoltório (corpo físico) que ao espírito permitia permanecer neste planeta.

O acolhimento no seu mundo de luz pela verdadeira família (espiritual) que deixou no espaço e as inefáveis alegrias pelo seu bom desempenho se tal for conseguido.
A família consanguínea, que deixou na Terra, por ser transitória, deixou de o ser. Na vida espiritual não há laços de parentesco, nem entre os espíritos, nem entre eles e os que foram seus familiares e ficaram na Terra. Desses, cada um se comporta de acordo com os seus conhecimentos espiritualistas, pois cada um está no seu grau evolutivo. Nem todos fazem o mesmo esforço para a aquisição de conhecimentos sobre a vida real dos seres, que é a espiritual.

CONCLUSÃO: festejos na encarnação do espírito e muita dor e sofrimento na sua desencarnação pelos que ficam.

Agora perguntamos nós: No futuro, com a difusão e perfeito conhecimento e prática do conteúdo dos princípios racionais e científicos cuja difusão iniciou a ser feita desde 26 de janeiro de 1910, continua e continuará, enquanto necessário for, por todas as casas racionalistas cristãs já espalhadas pelo mundo, continuará a ser assim?

O mundo passa por profundas modificações em períodos de cerca de dois mil anos, conhecidos por ERAS. Com o advento do ano 2000 deu-se o início de uma NOVA ERA. Poderíamos denominar esta era “A ERA DA ESPIRITUALIZAÇÃO DA HUMANIDADE” que se segue a um materialismo feroz, resultante de espantosas invenções científicas que se, por um lado reduziram o esforço físico do homem, por outro conduziram a terríveis desigualdades em termos da distribuição de riquezas que descontrolaram o ritmo do conjunto.

“OS TEMPOS SÃO CHEGADOS PARA QUE A LUZ ASTRAL SUPERIOR JORRE SOBRE OS ESPÍRITOS RETARDATÁRIOS!” Diz-se que Jesus afirmou: A 1000 chegarás, mas de 2000 não passarás. (sem que a humanidade se esclareça espiritualmente).

O século XX degradou-se, como tem acontecido no final de cada era, e encontramo-nos agora no século XXI, portador da esperança de construção de um mundo verdadeiramente humano, mais feliz, mais equilibrado, sem tantos tormentos para as criaturas. Uma civilização não assente em pés de barro, como diria o patrono do Racionalismo Cristão, Padre António Vieira, porque baseado em valores espirituais consistentes que são os deixados por Jesus “o Cristo”.

Como a natureza não dá saltos, as grandes modificações não acontecem de um dia para o outro. Assim, antes que iniciássemos a nova era, foram-se verificando acontecimentos como prenúncio da ERA DA ESPIRITUALIZAÇÃO. Para nós, o facto mais marcante começou com o nascimento a 3 de janeiro de 1860, do extraordinário humanista que viria codificar os princípios racionais e científicos cristãos, que no tempo próprio remodelarão hábitos e costumes de toda a humanidade.

Já dissemos que a lei da EVOLUÇÃO é a mais importante das leis comuns, naturais e imutáveis que regem o universo.

Nota-se um encadeamento dos factos, ao longo de anos, décadas e séculos para que a VONTADE do supremo arquiteto do universo, aconteça. Não esqueçamos o que disse um príncipe da língua de Camões: “DEUS QUER, O HOMEM SONHA, A OBRA NASCE”.

O RACIONALISMO CRISTÃO, ou doutrina de Cristo é a semente do espiritualismo. Doutrina que defende o direito de o homem pensar, de escrever, de ensinar, sempre com o objetivo elevado de beneficiar, esclarecer e remodelar hábitos e costumes, no rigor da moral cristã. Defende que os homens, como partícula da inteligência universal, são iguais perante o Todo, por isso não fazendo distinção de raças e nacionalidades, de pobres e ricos mas a todos considerando como almas em evolução, todos pertencendo a uma só família marchando para um objetivo comum que é alcançar uma maior evolução, angariar mais luz e aproximar-se da FORÇA CRIADORA.


Com a difusão destes conhecimentos a nível mundial, objetivo difícil mas não impossível de ser atingido, a humanidade vai mudando, melhorando seu comportamento perante os outros, que são seus irmãos em essência, compreendendo a vida no seu sentido lato (material e espiritual).

Com essa nova postura em encarar a vida, muito mais racional, o mundo passará a ser mais feliz no seu todo, os governos serão constituídos por homens com compreensão nítida dos seus deveres e saberão começar a reduzir as desigualdades socioeconómicas, haverá muito mais equilíbrio e a paz reinará.

Como consequência desse viver mais harmonioso, deixará de haver tantas desencarnações prematuras, como vem acontecendo na faixa etária mais perigosa para a criatura humana, que é a que está compreendida entre os dezesseis e os vinte e cinco anos, como mostram as estatísticas.

A desencarnação não será considerada a maior desgraça que possa acontecer ao ser que desencarna e suas respetivas famílias, como é considerado atualmente, neste mundo, especialmente quando ocorrida em tempo certo - na velhice.


Acontecendo a inércia do corpo, o espírito, na sua quase generalidade ascenderá de imediato ao seu mundo de origem, uma das várias moradas (mundos de Luz) da CASA DO PAI (UNIVERSO), como referiu Jesus. Os raros que não ascenderem imediatamente, facilmente serão arrebatados para fora da atmosfera fluídica da Terra. Os seres humanos terão aprendido a pensar bem e portanto deixarão de atrair os espíritos que eventualmente permanecerem na atmosfera da Terra, com grandes vantagens pois atualmente o pior inimigo do homem são os milhões de espíritos desencarnados que se constituem em falanges e são atraídos por pensamentos e sentimentos idênticos dos encarnados. Porque conforme pensar o ser, assim atrairá.

Quando os espíritos encarnam vêm merecendo e continuarão a merecer ser recebidos em ambiente de alegria, com manifestações de carinho e votos de felicidades.

Já a desencarnação, não vamos dizer que deveria ser festejada, porque sempre haverá a saudade pela separação física, pela agradável convivência que cessou. Todavia haverá compreensão pelo fenómeno ocorrido mas nunca mortificação.

Na verdadeira morada haverá festa espiritual, haverá receção ao membro que regressou ao seio familiar, depois de cumprir e, com bons resultados, uma nova reencarnação. Comparável ao que acontece, hoje em dia, quando regressa um filho que foi fazer sua formação académica no exterior e regressa com o diploma de bom aproveitamento.

De notar que os sentimentos/emoções dos seres humanos são bem diferentes dos sentimentos dos espíritos que regressam à sua origem. Por exemplo, a saudade, o pesar, a comoção, a tristeza, a alegria, a felicidade não são como nós os encarnados os sentimos. Enfim, a vida espiritual não tem nada que se compare com a vida física.

Compete-nos trabalhar para que essa modificação por que terá que passar este mundo se opere o mais depressa possível, para a felicidade das criaturas humanas e evolução do próprio planeta TERRA.


REFLEXÃO sobre o tema ENCARNAÇÃO versus DESENCARNAÇÃO DO ESPÍRITO
Por Antão José Lopes da Luz


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